Ao planejar uma viagem, dentre os lugares que queremos conhecer, sempre há um museu de alguma coisa a ser visitado, alguns de parada quase que obrigatória. Museu do vinho em Mendoza, Pré Colombino em Santiago, de La Nacion em Lima, História Natural em NY e Washington, são alguns que visitei por aí. Mas sempre me questionei o porque de não irmos aos museus próximos a nós. Seria preconceito do tipo “deve ser porcaria”? Seria aquele pensamento de que “o dos outros é melhor”? Ou talvez seja simplesmente por sabermos que como tal museu não vai sair dalí mesmo, podemos ir a qualquer hora, mas sempre achamos outras coisas “melhores” pra fazer. Independente da razão, estamos perdendo (ou adiando) oportunidades de conhecer belos lugares, interessantes e cheios de cultura, muito mais acessíveis, igualmente qualificados e as vezes até melhores que os museus que encontramos neste mundo afora .
Um dia desses, resolvi ir ao Museu do Futebol, que fica no estádio do Pacaembú, em São Paulo. Querendo ou não, o futebol faz parte da nossa cultura, e mesmo para quem não é fanático, vale muito a pena ir, e para os saudosistas então… um prato cheio. Lembrando que ele não está ligado a nenhum time específico, o que agrada a todos.
O Museu do Futebol foi construído dentro do estádio, debaixo das arquibancadas. A primeira coisa que me chamou atençao foi a total acessibilidade que permite a visitação de qualquer público: rampas elevador de acessibilidade, marcações no piso. Logo no saguão de entrada, tem uma maquete do estádio e seus anexos, onde podemos também tocar, o gramado por exemplo, tem uma “graminha” . E para todas as legendas, há uma versão em Braile.
Na verdade, ele agrada a todos mesmo: a turma mais antiga, jovens, mulheres e até crianças. Isso porque além de informativo ele também é interativo. O MdF nos proporciona também, uma experiÊncia sensorial. Vou colocar aqui algumas das coisas que achei mais legais. Não podemos fotografar ou filmar lá dentro, por isso as fotos que tem aqui não são minhas (peguei na net).
Eu me impressionei logo na primeira sala, onde imagens em movimento dos jogares de maior destaque na história do futebol brasileiro são projetados em telas grandes, dando a impressão de serem hologramas.
Mais a frente, tem a primeira área de interatividade. São espécie de cabines com uma tela a nossa frente, com alguns menus onde podemos escolher certas jogadas (momentos mais marcantes como o penalti perdido pelo Baggio que nos deu o tetra, a vitória do Corinthians sobre a Ponte Preta…), e um narrador. Após selecionado, o narrador conta emotivamente como foi e então aparece o lance. Em outras cabines, há um seletor estilo de rádio antigo onde podemos “sintonizar” num determinado momento da história e ouviremos então a narração do lance.
Esta é a sala das origens, muito bonita. Todas com retratos da época em que o futebol chegou no país. Toda foto tem sua legenda na lateral da moldura.
Tem uma sala, uma espécie de túnel que liga uma sala a outra, toda preta com um video sendo projetado em uma das paredes. Ele mostra os gols da final da copa de 50 sendo narrado pelo Arnaldo Antunes. O interessante é que ao fundo tem o som das batidas do coração cujo ritmo varia com a emoção do jogo. E quando o juíz apita o final, o “coração da nação” para.
A sala seguinte é a das copas. Dentro dela tem umas espécies de tótens representando cada uma delas depois da de 50. Cada tóten é formado por vários televisores e alguns quadros com imagens dos jogos e também fotos, notícias, programas que passaram/aconteceram no ano da copa ou na época. Bem interessante, tem até propaganda antiga.
Entre um setor e outro, passamos debaixo das arquibancadas, bem na estrutura do estádio, dando a impressão de estar em obras. Entre os pilares são projetadas em telões imagens das torcidas cantando e vibrando, sempre de dois times rivais. Então na hora do gol são mostradas as reações da torcida que explode de alegria e da decepção da outra. Eu achei essa idéia muito legal, porque eles colocaram a torcida exatamente aonde ela fica, na arquibancada.
Depois vem a sala dos números e curiosidades. Daquele tipo que fala: tantas pessoas foi a lotação máxima de tal jogo… curiosidades, informações, regras do futebol. E umas coisinhas bem interessantes: um tipo de vitrine com o título “o que pode ser usado como bola” ou algo assim, e dentro tinha cabeça de boneca, bola de meia, de papel com durex, pedra entre outros. Tem uma parte também que fala sobre os juízes, e o engraçado, com uma telinha com videos de depoimentos das mães deles! Diversão não falta também. Tem mesas de pebolim para brincar, e na reta final tem um campo projetado no chão, bem pequeno, com uma bola também projetada, e a pode-se chutar que a bola se movimenta. É como se chutasse nossa própria sombra e ela se movimentasse. E o mais interessante, uma área em que pode-se chutar uma bola de verdade contra um gol virtual, onde será medida a velocidade do seu chute.
Tudo isso pela exorbitante quantia de R$ 6,00 (seis reais) o ingresso, e com carteirinha ainda paga meia!
Vale muito a pena:
Museu do Futebol
Praça Charles Miller, s/nº – Pacaembu
Tel.: (11) 3663-3848
Site: www.museudofutebol.org.br
Horário: Terça a domingo, exceto nos dias de jogos no Pacaembu, das 10h às 18h
-23.548177
-46.665114