Parrilla La Cabrera

   “Uno de los mejores secretos guardados en Palermo”

Tantos lugares bons para comer em BsAs que fica difícil escolher um só… por refeição.

   Estando na região de Palermo, fomos no super bem recomendado La Cabrera, e por nossa vez, o recomendamos também!

   Em todo lugar que eu lia, recomendava-se fazer reserva antecipada para evitar longas esperas, apesar de todos que já foram, elogiaram muito inclusive a própria espera, onde é servida champanhe como um pequeno mimo. Como chegamos um pouco tarde, por volta das 15 horas, não esperamos quase nada. Na verdade, são dois restaurantes, um de cada lado da rua. No primeiro que paramos, não havia lugares, já no segundo tinha uma mesa vagando. Sorte nossa que estávamos morrendo de fome.

   O lugar é uma graça, aconchegante, bem único. Nas paredes haviam inúmeros pratos brancos pendurados, e cada um deles tinha uma mensagem escrita por clientes.

La Cabrera

La Cabrera

    Exatamente pela fome, não ficamos escolhendo muito no menu, e pedimos logo o clássico bife de chorizo, um pra cada, pois achávamos que um seria pouco para os dois. E a fome também nos levou a pedir um “empanadinha” de entrada. E aí começou a tortura… a empanadinha estava deliciosa, a mais gostosa que já comi na Argentina, e por isso já senti um pouco de “culpa” em tê-la comido inteira, porque não era tão pequena como imaginei. Logo em seguida ao pedido o que foi servido? O couvert de pães, uma cestinha com vários tipos acompanhados de manteiga e outros antepastos… como resistir! Mas não sei o que mais me chocou: se foi o tamanho do bifinho ou os acompanhamentos que vieram com ele!

A fartura

A fartura

    Veio muita coisa, e tudo em dobro.  São mini acompanhamentos que vêm em tigelinhas, cada um mais gostoso do que outro: mini milhos, purê de batatas e de abóbora, creme de queijo gratinado, coisas que não soube identificar mas que eram todas magníficas!

    Eles tem uma sobremesa maravilhosa chamada Volcan de chocolate, pelo menos dizem que é porque qualquer coisa a mais faria EU explodir como um vulcão!

La Cabrera

Só para adoçar o bico

Mas sobrou um espaçinho para um pirulitinho de presente!

Parrilla La Cabrera – José Antonio Cabrera, 5099, Palermo Soho

http://www.parrillalacabrera.com.ar

O Jardim Japonês

    Que Buenos Aires tem infinitos parques e praças todos sabem, e de todos que eu conheço o Jardim Japonês é o mais lindo.

   Fica na Av. Figueroa Alcorta com Av. Casares, já em Palermo. É a segunda vez que visito esse belíssimo parque, e percebi que talvez não seja a última. É um daqueles lugares que vale a pena ir várias vezes, andar, admirar, sentar em um banquinho e pensar na vida ou simplesmente não pensar em nada. É um lugar muito relaxante e interessante.

Jardim Japonês

Jardim Japonês

   Além do parque em si, é um centro cultural com exposições de flores, atividades, aulas de origami entre outras coisas. O lugar é impecável, por isso vale a pena pagar a entrada.

Jardim Japonês

Jardim Japonês

    Tem um lago com carpas enormes. Da primeira vez que fui, podia-se comprar ração e alimentá-las, mas dessa vez não vi ninguém fazendo isso, portanto não sei se ainda é permitido.

Jardim Japonês

Jardim Japonês

Jardim Japonês

Jardim Japonês

No site tem muito mais informações: www.jardinjapones.org.ar

MALBA, a casa de um brasileiro ilustre

     Todos nós temos nossos “favoritos”: a cor preferida, a música preferida, o lugar preferido, a comida preferida, e… o quadro preferido. Não, o meu não é a Monalisa, nem nenhum Van Gogh, Picasso ou Modigliani , o meu quadro favorito, por alguma razão, sempre foi o brasileiríssimo Abaporu, de Tarsila do Amaral.

     Numa aula de francês, onde o tema naquele dia era o Louvre, a professora queria saber qual era a obra preferida de cada um. “Je suis desoleé…”, mas tive que explicar (em francês) porque prefiro o Abaporu a qualquer Monet! Na verdade eu tentei, porque não sei ao certo… talvez as cores, o significado, o contexto em que ele foi pintado…

     Abaporu em tupi guarani significa “homem que come gente” que fazia referência ao Movimento Antropofágico modernista, que propunha “a deglutição da cultura estrangeira  transformando-a numa cultura moderna adaptada a realidade brasileira”.  A pintura em si mostra uma pessoa com cabeça pequena e pés e mãos grandes, retratando uma época em que o trabalho braçal se sobrepunha ao intelecto. A tela foi pintada em 1928 e oferecida ao seu então marido, Oswald de Andrade.

     Curiosamente, o quadro brasileiro mais valioso pertence a um argentino, que o comprou em 1995 e o mantém exposto em seu museu, o MALBA, lá em Buenos Aires. E como eu estava por alí mesmo, eu não poderia deixar de conhecê-lo.

     De fato, ver o Abaporu de perto já estava em meus planos, e eu estava sentindo como se fosse conhecer alguém muito famoso. Andamos bastante até chegar no MALBA, e a primeira coisa que fiz quando chegamos foi perguntar se “ele estava em casa”. Sim, porque as vezes o quadro vai para alguma exposição fora (como esteve aqui em 2011, numa exposição no Palácio do Planalto) e sinceramente, eu ficaria bem frustrada. Mas para “noooooosssaaa alegriaaaa” ele estava lá.

     Ansiosamente, fomos direto para a sala em que está exposto, e ao entrar a visão para mim foi impactante. Lá estava ele, o Abaporu! Um óleo sobre tela lindíssimo, perfeito. Fiquei admirando aquele quadro com olhos brilhantes, entusiasmada, fascinada, observando cada pincelada, cada detalhe, as cores, as linhas, a assinatura… Estava feliz!

Tietagem total

Tietagem total

    O Abaporu está cercado de vizinhos também ilustres. Bem ao lado tem um Diego Rivera, um pouco mais a frente o inconfundível Auto Retrato de Frida Kahlo. Em outras salas tem Portinari, Di Cavalcanti, esculturas de Lygia Clark, uma tela lindíssima de Fernando Botero, um colombiano cujo estilo me agrada muito e muitos outros nomes menos conhecidos por mim mas grandes dentro do cenário artístico da América Latina.

Frida Kahlo por ela mesmo

Fernando Botero

  O MALBA é um museu compacto, moderno, muito agradável, que vale muito a pena incluir num roteiro em Buenos Aires, mas  naquele momento, eu queria mesmo era conhecer um único quadro, e infelizmente  não pude explorar mais toda aquela riqueza cultural. Fica pra próxima!

PS – Ele é maior que a Monalisa! rsrsrs

 

O elegante Cemitério da Recoleta

     Para quem não conhece ou nunca ouviu falar, soa no mínimo esquisito visitar um cemitério que é um dos principais pontos turísticos da capital Argentina.

     E o que tem lá que o torna tão especial?

     O Cemitério da Recoleta é considerado um museu a céu aberto. Foi projetado por um arquiteto francês no século XIX e lá estão sepultados grandes personalidades argentinas: figuras históricas, políticos, artistas, cientistas, esportistas… inclusive dois prêmios Nobel estão lá (até a Argentina tem!), e seu morador ou melhor, sua moradora mais famosa (ao menos para os não argentinos) é Evita Perón.

     A aristocracia argentina gostava de ostentar sua riqueza nos túmulos, por isso muitos deles são considerados verdadeiras obras de arte. O que pra nós, torna-se uma pequena surpresa quando encontramos o túmulo da Evita. Acredito que assim como eu, muitos  a tem como um grande nome da história argentina, conhecida mundialmente, exaltada e interpretada por ninguém menos que Madonna; foi adorada pelo seu povo… descansa num dos túmulos mais simplórios escondidinho num corredor apertado, que só é identificado por ser um dos únicos que tem sempre flores novas e um grande número de pessoas que se espremem para conseguir tirar uma fotinho.

Túmulo Família Duarte – Evita Perón

    Na verdade, Evita é adorada por muitos e odiada por tantos outros. Evita morreu de câncer em 1952, e seu marido Péron mandou embalsamar seu corpo que ficou em um outro local. Após alguns anos, Perón foi derrubado do governo e exilado. O corpo de Evita foi sequestrado e “sumiu” por um tempo. Quando Perón retornou, conseguiu recuperar o corpo de sua mulher, mas faleceu logo em seguida.

     Os dois foram sepultados na residência oficial do governo. No período que ficaram lá, o país foi governado pela terceira esposa de Péron, Isabelita, que odiava e invejava Evita. Ela tinha como braço direito um ministro que também era astrólogo, um bruxo (el Brujo, como era chamado), que fazia Isabelita deitar sobre o caixão de Evita para “receber as energias” dela e quem sabe conseguir o carisma que tinha junto ao povão (cada uma…rsrsrsrs). Depois de um golpe militar, acabou a bruxaria. Perón foi para um outro lugar e Evita foi para a Recoleta, no túmulo de sua família. Portanto, lá deve-se procurar o túmulo da Família Duarte, onde está seu membro ilustre: Eva DUARTE de Perón.

    Dizem que bem próximo está sepultado seu maior inimigo, um general que sequestrou seu corpo depois que Perón caiu. Hoje são vizinhos! Tem tanta curiosidade lá… esse mesmo general teve também seu corpo sequestrado pela guerrilha, e depois de recuperado, a família construiu um mausoléu e o enterrou sob ele, para evitar vandalismo.

     Um outro túmulo interessante – mas não vi – é o de uma jovem que foi passar a lua de mel na Áustria, e o hotel em que estava foi atingido por uma avalanche. A própria mãe projetou a tumba, que tem uma estátua dela, em tamanho natural, usando o vestido de noiva e ao seu lado, seu cachorro que tanto adorava.

     E claro, tem as histórias de arrepiar também… uma moça que morreu repentinamente, acho que de infarto, foi enterrada às pressas para aliviar a dor da família. Um tempo depois a família verificou que o caixão estava remexido. Pensaram que podia se tratar de ladrões querendo roubar as jóias. Quando abriram, viram que ela estava em outra posição e haviam arranhões na tampa. Ela foi enterrada viva!! A pobre sofria de catalepsia! Daí veio a lenda que ela vaga pelo cemitério vestida de branco, é la dama de blanco…uuuuiiiiiii

Recoleta

     Esse lance do caixão é outra particularidade da Recoleta. Lá eles ficam dentro dos mausoléus porém, sobre a terra. Quando a gente passa e olha pelas janelinhas, dá pra ver os caixões velhos lá dentro!

     Como eu gosto muito de histórias interessantes, lá pra mim é um prato cheio. Gostaria muito de voltar lá e fazer um tour guiado, para saber de muitas outras e ver os túmulos que não vi ou não soube identificar.

     Mais uma razão para voltar à Buenos Aires!

Um amanhecer para chamar de meu

     A diferença já começou pela localização do hotel, longe do comum. O (muito bem) escolhido foi o Buenos Aires Grand Hotel, na Recoleta.

    O hotel fica na Av. Gal. Las Heras quase esquina com Callao (Las Heras y Callao como costumávamos orientar os taxistas) e de lá andamos muito, para todos o lados.

      O hotel em si é maravilhoso, novinho, vizinhança tranquila, sem barulho, quarto super confortável, temperatura sempre agradável, perfeito. Lá o que mais gostei foi  uma cortina automática de duas camadas: uma persiana colada à enorme janela e uma outra camada formada por uma folha única preta, que quando fechada não permitia a entrada de um único feixe de luz, perfeito pra dormir. E graças a essa cortina, tínhamos um amanhecer para chamar de nosso. No momento mais conveniente, um simples toque no botão, dava permissão ao sol para entrar lentamente no quarto, uma alvorada particular!

A foto não foi tirada por mim, mas o quarto é exatamente assim

A foto não foi tirada por mim, mas o quarto é exatamente assim

      Depois de sair da cama, ia até a janela, abria e ficava alguns minutos olhando as poucas pessoas que passavam pela rua, queria ver como estavam vestidas para ter noção do clima. Via pessoas de idade caminhando, corredores de rua com seus fones de ouvidos alheios a tudo, “homens de negócio”, os passeadores com seus cães… E logo estaríamos nos juntando a eles, seríamos um deles: vestidos com a mesma quantidade de roupas mas com nenhum cachorro, apenas uma mochila e nosso mapa.

     Ficar na Recoleta é quase que ficar em outra Buenos Aires. Que lugar agradável! Alguns poderiam dizer que é um bairro “meio longe”. Bom, depende do referencial. A intenção era fugir do óbvio, como já dito, e o óbvio seria o centro/microcentro que fica “pertinho de tudo”. De fato, mas também fica perto da aglomeração turística e do próprio vai e vem argentino, afinal como em qualquer outra metrópole, existe aquela selvageria urbana que estamos bem acostumados.

     Na Recoleta é diferente. Bairro charmoso, nobre,  com barracas que explodem de tantas flores, gente diversificada, educada,  as ruas largas, além dos passeadores várias pessoas passeando com seus cães e as calçadas sempre limpas, prédios de  arquitetura linda. Você anda observando cada um deles, analisando a decoração externa dos apartamentos,  e diante de tantas placas de aluga-se e vende-se dá para delirar um pouquinho escolhendo qual deles gostaríamos de adquirir.

Recoleta

      Depois de alguns dias, já estávamos nos sentindo moradores… a “pharmacia” na esquina, um Carrefour Express a dois quarteirões, as duas melhores sorveterias (Freddo e Persicco) ali bem pertinho…  lá na  Av. Santa Fe com a Callao o metrô, ou melhor, o Subte. E no sentido oposto, seguindo pela Callao a elegantérrima Av. Alvear. Andar pela Recoleta era obrigação prazerosa!

Buenos Aires – um pouco fora do óbvio

Buenos Aires me parece ser aquele tipo de lugar que quanto mais se conhece mais se gosta…

Quando estive lá pela primeira vez em 2007, não tive uma boa impressão, mas  eu nunca levei isso muito a sério, tanto que voltei mais duas vezes. Essa minha opinião é totalmente justificável pois quando lá cheguei, além do meu mochilão, carregava estereótipos de uma cultura “anti Argentina” e todo aquele pré conceito que funciona como uma cortina a frente dos olhos, nos impedindo de apreciar as infinitas possibilidades que um lugar pode nos apresentar ou presentear.

Mas eu mudei, graças a Deus! Lá mesmo. Aquela viagem foi um start para um novo modus operandus de viajar!

Obelisco

Em 2007, Buenos Aires foi umas das cidades que conheci entre Chile e Argentina, e lá foi o ponto de partida e também o ponto final. O primeiro contato foi apenas uma conexão, e entre um voo e outro fui conhecer a cidade, de ônibus de linha. Até o centro, não gostei nada do que vi (meio que óbvio). Logo voltei para o aeroporto e da tão falada Buenos Aires, só vi o Obelisco. Sendo a última cidade da viagem, sobrou pouco tempo para apreciar como  ela merecia. E o dia e meio que fiquei, deu apenas para visitar alguns dos pontos turísticos, mas algo tocou em mim.

Um ano depois, voltei. Um retorno também rápido, com finalidade menos turística, mas retornei também aos pontos famosos (agora como guia).

Mas agora foi pra curtir mesmo, sair um pouco do óbvio.

E foi uma das melhores viagens que fiz.

Buenos Aires

Museu do Futebol

Ao planejar uma viagem, dentre os lugares que queremos conhecer, sempre há um museu de alguma coisa a ser visitado, alguns de parada quase que obrigatória. Museu do vinho em Mendoza, Pré Colombino em Santiago, de La Nacion em Lima, História Natural em NY e Washington, são alguns que visitei por aí. Mas sempre me questionei o porque de não irmos aos museus próximos a nós. Seria preconceito do tipo “deve ser porcaria”? Seria aquele pensamento de que “o dos outros é melhor”? Ou talvez seja simplesmente por sabermos que como tal museu não vai sair dalí mesmo, podemos ir a qualquer hora, mas sempre achamos outras coisas “melhores” pra fazer. Independente da razão, estamos perdendo (ou adiando) oportunidades de conhecer belos lugares, interessantes e cheios de cultura, muito mais acessíveis, igualmente qualificados e as vezes até melhores que os museus que encontramos neste mundo afora .

Um dia desses, resolvi ir ao Museu do Futebol, que fica no estádio do Pacaembú, em São Paulo. Querendo ou não, o futebol faz parte da nossa cultura, e mesmo para quem não é fanático, vale muito a pena ir, e para os saudosistas então… um prato cheio.  Lembrando que ele não está ligado a nenhum time específico, o que agrada a todos.

O Museu do Futebol foi construído dentro do estádio, debaixo das arquibancadas. A primeira coisa que me chamou atençao foi a total acessibilidade que permite a visitação de qualquer público: rampas  elevador de acessibilidade, marcações no piso. Logo no saguão de entrada, tem uma maquete do estádio e seus anexos, onde podemos também tocar, o gramado por exemplo, tem uma “graminha” . E para todas as legendas, há uma versão em Braile.

Na verdade, ele agrada a todos mesmo: a turma mais antiga, jovens, mulheres e até crianças. Isso porque além de informativo ele também é interativo. O MdF nos proporciona também, uma experiÊncia sensorial. Vou colocar aqui algumas das coisas que achei mais legais. Não podemos fotografar ou filmar lá dentro, por isso as fotos que tem aqui não são minhas (peguei na net).

Eu me impressionei logo na primeira sala, onde imagens em movimento dos jogares de maior destaque na história do futebol brasileiro são projetados em telas grandes, dando a impressão de serem hologramas.

Mais a frente, tem a primeira área de interatividade. São espécie de cabines com uma tela a nossa frente, com alguns menus onde podemos escolher certas jogadas (momentos mais marcantes como o penalti perdido pelo Baggio que nos deu o tetra, a vitória do Corinthians sobre a Ponte Preta…), e um narrador. Após selecionado, o narrador conta emotivamente como foi e então aparece o lance. Em outras cabines, há um seletor estilo de rádio antigo onde podemos “sintonizar” num determinado momento da história e ouviremos então a narração do lance.

Esta é a sala das origens, muito bonita. Todas com retratos da época em que o futebol chegou no país. Toda foto tem sua legenda na lateral da moldura.

Tem uma sala, uma espécie de túnel que liga uma sala a outra, toda preta com um video sendo projetado em uma das paredes. Ele mostra os gols da final da copa de 50 sendo narrado pelo Arnaldo Antunes. O interessante é que ao fundo tem o som das batidas do coração cujo ritmo varia com a emoção do jogo. E quando o juíz apita o final, o “coração da nação” para.

A sala seguinte é a das copas. Dentro dela tem umas espécies de tótens representando cada uma delas depois da de 50. Cada tóten é formado por vários televisores e alguns quadros com imagens dos jogos e também fotos, notícias, programas que passaram/aconteceram no ano da copa ou na época. Bem interessante, tem até propaganda antiga.

Entre um setor e outro, passamos debaixo das arquibancadas, bem na estrutura do estádio, dando a impressão de estar em obras. Entre os pilares são projetadas em telões imagens das torcidas cantando e vibrando, sempre de dois times rivais. Então na hora do gol são mostradas as reações da torcida que explode de alegria e da decepção da outra. Eu achei essa idéia muito legal, porque eles colocaram a torcida exatamente aonde ela fica, na arquibancada.

Depois vem a sala dos números e curiosidades. Daquele tipo que fala: tantas pessoas foi a lotação máxima de tal jogo… curiosidades, informações, regras do futebol. E umas coisinhas bem interessantes: um tipo de vitrine com o título “o que pode ser usado como bola” ou algo assim, e dentro tinha cabeça de boneca, bola de meia, de papel com durex, pedra entre outros. Tem uma parte também que fala sobre os juízes, e o engraçado, com uma telinha com videos de depoimentos das mães deles! Diversão não falta também. Tem mesas de pebolim para brincar, e na reta final tem um campo projetado no chão, bem pequeno, com uma bola também projetada, e a pode-se chutar que a bola se movimenta. É como se chutasse nossa própria sombra e ela se movimentasse. E o mais interessante, uma área em que pode-se chutar uma bola de verdade contra um gol virtual, onde será medida a velocidade do seu chute.

Tudo isso pela exorbitante quantia de R$ 6,00 (seis reais) o ingresso, e com carteirinha ainda paga meia!

Vale muito a pena:

Museu do Futebol
Praça Charles Miller, s/nº – Pacaembu
Tel.: (11) 3663-3848
Site: www.museudofutebol.org.br
Horário: Terça a domingo, exceto nos dias de jogos no Pacaembu, das 10h às 18h

Feliz Año 2011

Enfim, chegou a hora da virada…

Dois mil e onze chegou mais cedo no Brasil, 3 horas antes que aqui. Vimos pela TV todas as comemorações, e nessa hora bate uma grande saudade de todo mundo. Tem sido assim nos últimos anos… fico pensando na minha família e nos meus amigos. Dá vontade de ligar pra cada um deles, mas como sempre dei um jeitinho: pra uns eu liguei, outros me ligaram, mandei torpedos, emails, MSN…

Aproveitamos as horinhas a mais de 2010 descansando. Estava frio e ficamos no quarto do hotel até umas 23 horas, quarto esse que mais parecia uma ala hospitalar: a Ê se recuperando da gripe, eu ainda “estragada” graças ao ensopado de camarão e o Zé… com o fiel Floratil ao lado.

Então descemos pra Plaza de Armas.

O bom de viajar é isso: vivenciar e saber apreciar a cultura do local que se está. Tudo aquilo me lembrava uma festa típica do interior: a igrejinha, as barraquinhas de comida e o povo todo em volta. Com uma diferença, eu estava em Cusco, no Peru, rodeada de gente do mundo inteiro. Em frente à igreja havia um palco montado e uma banda tocava no melhor estilo Calipso, inclusive com as dançarinas. Por todos os lados para onde se olhava, pessoas soltavam um tipo diferente de fogo de artifício, parecido com um risca-céu mas que saía continuamente de um longo tubo que enfeitava o céu  dando uma certa singularidade àquele momento.

A chuva que começou a apertar esfriou o ânimo de alguns e logo o número de corredores foi diminuindo, mas a festa iria longe, mas não pra nós. Voltamos pro hotel logo porque além da chuva forte, nosso voo de volta sairia logo cedinho.

Fui dormir muito feliz. Feliz por estar alí, feliz por tudo o que aconteceu em 2010: que começou em Orlando e terminou em Cusco, por tudo o que eu conquistei nesse ano, pelas pessoas que conheci, enfim, por tudo. Sou grata a Deus por cada dia.

Por volta das 6 da manhã, quando estávamos a caminho do aeroporto, tinha muita gente na rua, terminando a festa. O último fato interessante foi uma revista nas malas ainda na fila do check-in: todas as malas revistadas em buscas de folhas de coca, ou caramelos de coca ou qualquer coisa de coca…

O vôo foi tranquilo, mas óbvio que tinha crianças bagunceiras e flatulentas bem atrás de nós, mas logo arrumei uns assentos vazios lá no fundo da aeronave onde pude dormir deitada (deitada é modo de dizer né…).

E assim terminou essa viagem inesquecível.

Plaza de Armas, Cusco

O centro de Cusco é bem bonitinho e agradável, e já estava bem movimentado, predizendo como seria a noite. Enquanto sacava minha fotitas na Plaza de Armas, eis que me aparece uma niña vendendo o quê?? Óculos 2011!!!


Ela se aproximou timidamente, me olhou e perguntou, quase sem esperanças de que faria uma “boa venda”, se eu queria os óculos. Em questão de milésimos de segundo decidi que, independente do preço ou da qualidade daquele adorno, eu iria comprar, pelo simples fato de não vê-la ir embora de cabeça baixa, talvez dizendo pra si mesma “eu sabia…” confirmando o pessimismo que seus olhos refletiam.  Já com meus óculos, pedi para tirar uma foto com ela, que sem titubear, permitiu. Não sei se o único sole que me custou esse óculos fez alguma diferença pra ela, mas para mim fez. Porque lembrei-me dos óculos “2008”, que quando vi pela TV, imediatamente decidi que iria ter o “2009”. E trabalhei muito para ir lá comprar. Quem acompanha meu blog desde os primórdios, sabe que os óculos temáticos tiveram um significado simbólico pra mim.

-> Na verdade, eram óculos 20.011!

Pelas ruas de Cusco, encontrei um dos labradores mais lindos que já vi (óbvio que a mais linda de todas é a minha Lauren – não há labrador mais lindo que ela no mundo inteirinho), mas esse é muito fofo, o Icarus, e fala alemão!! Sim, a sua dona nos contou que ela o trouxe da Alemanha. Então, deu alguns comandos pra ele, tipo “dá a patinha” em alemão, não é uma graça?

Logo chegamos em Qoricancha, onde aconteceu a comédia do dia.

Nós queríamos tirar fotos com as mulheres vestidas em trajes típicos, e foi em Qoricancha que vimos a maior concentração delas. Como tudo na vida tem um preço… obviamente teríamos que pagar por essas fotos. Até ai tudo bem. O engraçado foi quando, depois de umas 5 fotos, as mulheres, pediram para parar ou se quiséssemos mais, que pagássemos mais. Paramos e fomos tirar com um outro grupinho que estava ali perto, de meninas com uns bebê-lhamas. Então uma mulher que estava no outro grupo veio até mim e disse que eu não paguei pra ela. Eu respondi que não paguei porque não tirei foto com ela (ela estava sentada ao lado das outras) e ela nem sequer saiu nas minhas fotos. Ela apontou pra Elaine e pro Zé e eu disse que eles também não tiraram fotos com ela. Ela voltou pro lugar decepcionada em não ter recebido “direitos de imagem” pelas fotos que NÃO apareceu!


-> A mulher que veio me cobrar estava sentada ao lado dessa da esquerda. Eu acho que as lhamas é que deveriam receber o dinheiro, afinal, pelo menos elas dão um sorrisinho pra foto!

Acabou por ai??? Não!!! Tirei as fotos com as niñas e o bebê-lhama e quando fui pagar, a menina disse que era muito pouco, que elas estavam em seis (mas eu não tirei foto com todas!)… e eu só tinha nota alta. O que eu iria fazer, apagar as fotos? Ofereci meu “dólar da sorte” que estava na carteira e ela não aceitou. Pois a menina não disse que me dava troco! Eu paguei 10 soles, mas disse que era pelas minhas fotos e dos meus amigos. Uma delas concordou, a outra, com cara feia ficou dizendo que não e não, e olha que ela nem sorriu na minha foto. E o bebê-lhama ainda mordeu a Elaine!


-> A da esquerda foi a que mais reclamou e nem pra fazer cara bonita pra foto!!!

Após a discussão das fotos, tiramos mais algumas, tomando todo cuidado para não sair nenhuma “modelo profissional” e/ou suas lhamas e voltamos para o hotel. Realmente hoje eu não fiquei legal, fiquei estragada o dia todo por causa daquele ensopado de camarão. Na verdade, ainda paramos em um Café francês, onde comi alguns docinhos pra ver se tirava o gosto, mas nem assim…

Um pouco do Hotel MamaSara

Hoje, 31 de dezembro de 2010, levantei um pouco mais tarde, aliás todos nós levantamos. Desci para o café da manhã e lá encontrei um casal muito simpático de brasilienses que conheci pelos tours (também eram da “turma” do Amarildo). Fiquei um tempo conversando com eles e trocando experiências sobre os lugares, os hotéis…

Um pouco depois, os Nascimento’s desceram. Após nosso café, fomos passear pela cidade, ver onde seria nossa ceia, também precisávamos tirar uma fotita com as “locais”, com as lhamas…

Eu gostei muito do hotel que ficamos em Cusco, o Mamasara. Olhando por fora a gente não dá nada, mas seu interior é muito agradável, limpíssimo, deve ser bem novo, ou pelo menos tem esse aspecto, o pessoal muito simpático (aliás como praticamente todos no Perú), internet 100%, o café da manhã bem gostoso também, enfim, recomendo a todos.

É um hotel pequeno, com 3 andares. Pouco movimento e bem tranquilo. Ele está a 10 minutos aproximadamente da Plaza de Armas, a rua cai diretamente lá. A gente dizia que ele fica no “pé do morro”, porque seguindo a rua, começa a estradinha que vai pras ruinas de Saqsayaman. A noite é meio estranho andar por ali, porque a rua é meio deserta e a iluminação é baixa. Talvez seja apenas impressão.


Nosso quarto. Bem aconchegante, espaçoso (nunca o suficiente pra quantidade de malas que sempre carregamos) e bem arejado, só é um pouco frio. Apesar de ter um aquecedor, ele era ligado somente a noite, e por alguma razão, não esquentava o quarto, nem mesmo eu que estava ao lado. Servia mesmo era pra secar as calcinhas rsrs que ficavam proximas. Talvez no inverno eles aumentem a potência. O banheiro, MUITO bom, um dos melhores que já fiquei.

Hoje foi o 4o. dia em Cusco, e achei que já estaria ambientalizada com a altitude, mas me enganei. Apenas o trajetinho com um pouquinho de inclinação do hotel até o centro (que dá uns 10 minutos andando sem pressa) foi o suficiente pra causar um certo mal estar. É uma sensação chata, um pouco de tontura, uma certa pressão no peito e aquela dificuldade de inspirar. Na verdade, eu custei a perceber que era a altitude, mais uma vez achei que eu não estava legal (lembrei da Lemonade do Hard Rock). Quando comentei que não estava bem, fiquei feliz porque tanto a Ê quanto o Zé também não estavam legais (que coisa né, fiquei feliz porque todos estavam ferrados e não apenas eu rsrs). Como é pertinho, voltamos pro hotel pra trocar de roupa porque estava calor, embora o dia estivesse com cara de frio. Nessa volta, tomei um cházinho de coca e como último recurso, masquei umas folhinhas. Deu uma melhorada.

Voltamos para a Plaza e já procuramos um lugar para almoçar.

Achamos um restaurante pequeno mas bem jeitosinho. Eu ainda estava no pique de comer comidas típicas, mas dessa vez me dei mal. Não que estivesse ruim, mas o cardápio me pregou uma peça. Eu pensei que o prato era uma espécie de camarão na moranga e como aqui os camarões são enormes, não hesitei. Mas para minha decepção, era uma espécie de ensopado, com os camarãozões inteirinhos (com perninhas peludas), um caldo ralo (tipo sopa mesmo) e o pior pra mim, com ovo tipo quando é quebrado no caldo. Não deu pra comer, eu bem que tentei, mas só o cheiro já me embrulhava. Fiquei só na entradinha mesmo, que estava uma delicia. Mas esse ensopado me azedou pro resto do dia.